quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um dia para ser lembrado (06/09/11): O Decrescimento no Senado Federal

Em debate na Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20, estudiosos defendem a ideia do decrescimento como forma de preservar o planeta e a Humanidade 

Cristovam Buarque (2º à esq.) preside debate com os professores Philippe Léna, Carlos Alberto Pereira e João Luiz Carvalho
Em audiência ontem no Senado, sobre o tema "Decrescimento: por que e como construir", especialistas condenaram o desenvolvimentismo, que leva a um consumo de recursos naturais acima da capacidade do planeta, e discutiram formas de conduzir a Humanidade a um padrão de redução de crescimento. O debate foi promovido pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20, presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF) e ligada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Philippe Léna, diretor do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, classificou o decrescimento como um conceito mais impactante que o de desenvolvimento sustentável, porém necessário. Ele disse que a raça humana está "à beira do abismo, pisando no acelerador", e ressaltou que nenhuma causa natural em 1 milhão de anos produziu tanto efeito sobre a Terra. Léna mostrou preocupação com o consumo insustentável dos recursos naturais e previu que a escassez trará mais conflitos armados.
Para ele, o aumento das desigualdades e a diminuição do nível de emprego atestam que índices tradicionais de desenvolvimento como o produto interno bruto (PIB) perderam o sentido, pois "o bolo não pode nem deve crescer".

Carlos Alberto Pereira Silva, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, considerou que há um paradoxo entre a crise ecológica sem precedentes e a manutenção da ilusão de um ideal desenvolvimentista. O professor defendeu uma ética "ecoantropocêntrica", lembrando que as pessoas fazem parte de uma comunidade de vida mais ampla e dividem espaço com muitas espécies.

Ele avalia que faz falta um "egoísmo inteligente", no qual o cuidado com outras espécies seja visto como defesa da própria espécie humana. Na sua opinião, a lógica desenvolvimentista pode estar ligada ao culto ao corpo e à violência. Como alternativa, aposta na valorização dos saberes das populações indígenas e iletradas.

João Luiz Homem de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o padrão de consumo deve ser reduzido, principalmente nos países ricos. Ele destacou o papel do Clube de Roma e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas na apresentação de estudos que respaldam o decrescimento — tese que, em seu ponto de vista, deve ser dirigida principalmente às crianças.

O automóvel foi considerado "irracionalidade completa" pelo professor, que correlacionou a ineficiência do transporte individual ao aumento do efeito estufa. Ele defendeu a construção de prédios que dependam menos de refrigeração e aquecimento, além da relocação da produção de alimentos, tornando-a mais próxima dos consumidores.

110012
Senador(es) Relacionado(s):
Cristovam Buarque

Assista ao vídeo:
 



Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/noticia.asp?codNoticia=110012&dataEdicaoVer=20110906&dataEdicaoAtual=20110906&codEditoria=1169

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dica de Leitura

VIDA PARA CONSUMO: 
a transformação das pessoas em mercadorias
de Zygmunt Bauman


"Um dos mais perspicazes pensadores da atualidade, Zygmunt Bauman nos revela a verdade oculta, um segredo bem guardado da sociedade contemporânea: a sutil e gradativa transformação dos consumidores em mercadorias. As pessoas precisam se submeter a constantes remodelamentos para que, ao contrário das roupas e dos produtos que rapidamente saem de moda, não fiquem obsoletas. Bauman examina ainda o impacto da conduta consumista em diversos aspectos da vida social: política, democracia, comunidades, parcerias, construção de identidade, produção e uso de conhecimento. E não esquece de analisar como esta característica parece evidente no mundo virtual: redes de relacionamento, como Orkut e MySpace, não trabalham com a idéia do homem como produto?" 
(Fonte: http://www.submarino.com.br/produto/1/21385903/vida+para+consumo)




domingo, 3 de julho de 2011

O Hamster Impossível

Os convido para que vejas este vídeo muito curto, este hamster impossível representa o sistema econômico atual.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O que é Decrescimento?

RESUMO: "....A tese do decrescimento baseia-se na hipótese de que o crescimento econômico - entendido como aumento constante do Produto Interno Bruto (PIB) - não é sustentável pelo ecossistema global. Esta idéia é oposta ao pensamento econômico dominante, segundo o qual a melhoria do nível de vida seria decorrência do crescimento do PIB e portanto, o aumento do valor da produção deveria ser um objetivo permanente da sociedade. A questão principal, segundo os defensores do decrescimento - dos quais Serge Latouche é o mais notório - é que os recursos naturais são limitados e portanto não existe crescimento infinito. A melhoria das condições de vida deve, portanto, ser obtida sem aumento do consumo, mudando-se o paradigma dominante..."

O QUE É DECRESCIMENTO?

Por Edson Franco

O avanço do conhecimento humano através do desenvolvimento da técnica e da ciência tem trazido benefícios para as populações, mas também conseqüências que não são notadas no início. A conquista de relativa segurança com a vida se desenvolvendo em torno dos grandes centros urbanos, o conforto proporcionado pelo fácil acesso a inúmeros produtos industrializados, a economia de tempo com o uso dos transportes individuais em uso crescente nos grandes centros urbanos, vem trazendo, junto com todos os benefícios aparentes, efeitos colaterais bastante nocivos à sociedade. Dentre esses aspectos talvez seja o meio ambiente o que mais explicitamente demonstra sentir o impacto desses “avanços”. O decrescimento é uma proposta para resolvermos esses problemas de forma profunda e eficaz.

O conceito de decrescimento não é novo e vem sendo elaborado há muito tempo por pessoas que pensavam à frente de seu tempo. Na verdade, o decrescimento é uma evolução conceitual de várias outras propostas críticas à modernização de nossas sociedades. Já no início da década de 60, Ivan Illich (pensador austríaco) e Rachel Louise Carson (zoóloga e bióloga estadunidense) alertaram para os efeitos contraproducentes da economia contemporânea e os possíveis desastres da moderna agricultura levando à exaustão os recursos naturais, entre outros efeitos nocivos. Ernst Fritz Schumacher com o livro “Small is beautiful” em 1973 e Nicholas Georgescu Roegen com os primórdios da conceituação das leis da entropia da física aplicada à ciência econômica em 1971, até os dias atuais com Serge Latouche, o paladino do decrescimento, entre muitos outros, têm desenvolvido o que hoje se apresenta como a proposta do decrescimento econômico.

           Não poderíamos deixar de citar, mesmo que não totalmente alinhado com o decrescimento, o nome de Herman Daly, que foi economista chefe do departamento ambiental do Banco Mundial. Suas idéias podem ser consideradas como uma ponte para a sociedade alcançar o estágio do decrescimento. Daly apresenta uma simplificação do conceito de “deseconomia de escala”, ou seja, algo traz um benefício até certo ponto, depois desse ponto o benefício agregado é menor do que os problemas obtidos. É exatamente isso o que está acontecendo com a economia em nível planetário: os ganhos com produção, conforto, riquezas e consumo já são menores do que as perdas com degradação ambiental, estresse e perda de saúde da população em geral.

            Tal desenvolvimento do termo trouxe alguns enganos que devem ser identificados para não confundirmos com o que não é decrescimento. Um exemplo é o conceito de desenvolvimento sustentável. O decrescimento alerta que não é possível um crescimento infinito num planeta finito. A escassez de recursos naturais, energia, matéria prima, espaços físicos, entre outros, faz com que o paradigma do crescimento infinito tenha que ser superado com urgência. Por isso falar de desenvolvimento sustentável é uma forma de ludibriar e manter as coisas como elas estão, sem mudanças significativas.

            Uma medida bastante usada pela mídia atualmente é a “pegada ecológica”. Usado pela primeira vez em 1992 por um professor e ecologista canadense da universidade de Colúmbia Britânica chamado William Rees, o termo: “ecological footprint” refere-se à quantidade de terra e água necessária para sustentar uma determinada população local (geralmente um país) tendo em vista todos os recursos materiais e energéticos gastos por essa mesma população. A chamada pegada ecológica da humanidade alcançou tamanhos alarmantes. O aumento do consumo dos países subdesenvolvidos, nos índices de consumo dos EUA, representaria a necessidade de termos mais 6 (seis) planetas Terra, segundo dados do World Wide Fund for Nature (WWF – Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza) de 2006. 

            Isso aponta para mais um problema: a superpopulação. Pesquisas da Organização das Nações Unidas demonstram que a população no planeta tem crescido sem parar e deve superar os sete bilhões de pessoas antes do final de 2011. Segundo dados recentes divulgados em um relatório elaborado pelo Departamento de Estudos Econômicos e Sociais da ONU, a população total da terra em 2100 será de 10,1 bilhões de pessoas. A falta de preocupação com o problema por parte de governos e famílias aponta para conseqüências ainda mais desastrosas: falta de alimento, de água e de trabalho para todos são algumas das dificuldades que teremos de enfrentar em futuro próximo. O aumento populacional que explodiu depois de 1800, ocasionado pela revolução industrial e pela acumulação de pessoas morando na cidade em busca de emprego mais fácil do que no campo, tornou o crescimento das cidades tão desordenado que a vida nos grandes centros urbanos se tornou um “mal necessário”. 

Algumas explicações para esse crescimento desordenado estão relacionadas principalmente a duas causas estruturais: falta de educação de qualidade e péssima distribuição de renda, no mundo inteiro. Nas duas frentes, ações governamentais e institucionais que tentam “mascarar” estes problemas não os resolvem. Na primeira: educação de qualidade, pública ou privada, é um sonho distante na maioria dos países, ainda que grandes avanços tenham sido dados em alguns países europeus. No caso do Brasil a “maquiagem” governamental divulga que temos quase 100% das crianças na escola, mesmo que elas lá estejam apenas para receber uma merenda e não recebam uma boa educação formal, até porque muitas escolas não estão em condições mínimas de uso. Na segunda: uma distribuição de renda efetiva não significa concessão de bolsas por parte do governo, mas sim, garantia de acesso à renda efetiva e duradoura através de emprego, formação profissional e cidadania crítica em todos os níveis sociais. A situação atual, entretanto, mostra a seguinte equação: 80% dos recursos estão nas mãos de 20% da população mundial.

            Esse modelo de desenvolvimento praticado até então foi um “erro estratégico” que trouxe para a sociedade conseqüências como queda na qualidade de vida, violência urbana crescente, desigualdade social na maioria dos países, falta de recursos energéticos para suprir a necessidade de megalópoles cada vez mais barulhentas, apressadas e poluídas, falta de importância e valorização do trabalho e do trabalhador em um mundo cada vez mais superficial onde a alienação da força de trabalho é cada vez maior, assassinato da qualidade em prol da quantidade, etc.

          Os guardiões do “status quo” apelam para o exemplo de Malthus, economista britânico do final do século XVIII, que salientava a importância do controle da natalidade em razão do crescimento da população superar a produção de alimentos e que teve suas previsões naufragadas diante de um mar de investimentos na ciência e no avanço da produção em massa de alimentos, barateando os custos. Esse argumento moderno, que concede à tecnologia o poder de resolver todos os nossos problemas, ignora que a própria ciência nos apresenta o “paradoxo de Jevons”. O britânico Willian Jevons, em seu livro; “O problema do carvão” descreveu com maestria a paradoxal realidade de esperar que o aumento da eficiência e da tecnologia resolva o problema da escassez de recursos. Pelo contrário, Jevons provou que o aumento de tecnologia só faz aumentar o consumo de recursos e não o contrário.

O decrescimento econômico propõe a diminuição das atividades econômicas e financeiras em escala mundial, com aplicação em escala local; menos produção de bens comerciáveis, menos deslocamentos, menos quantidade de horas trabalhadas, menos poluição e desmatamento. O decrescimento enxerga no menos, o mais. Ivan Illich usa o exemplo do caracol que constrói a sua concha adicionando uma a uma, espirais cada vez maiores até parar bruscamente e começar a fazer voltas decrescentes cada vez menores. Apenas uma espiral a mais faria com que sua concha fosse 16 vezes maior, sobrecarregando o caracol. Com uma concha 16 vezes maior do que deveria ser, todo seu esforço seria direcionado para aliviar as dificuldades criadas por esse erro de cálculo. Com esse tamanho, os problemas multiplicam-se em progressão geométrica, enquanto a capacidade biológica do caracol só poderá crescer em progressão aritmética. O decrescimento utiliza como símbolo de suas idéias a sábia figura do caracol.

A crítica aos conceitos atuais de crescimento e riqueza da sociedade é fácil de ser entendida por aqueles que não têm medo de mudanças. Exemplo disso é a conceituação errada da economia atual da riqueza representada pelo PIB dos países industrializados. Por que dizemos que o PIB é um índice de medida de riqueza quando produzir por produzir, num ciclo vicioso que se auto-alimenta, não traz bem estar e riqueza no real sentido do termo? Porque o ciclo da economia atual não considera como bem de capital os recursos naturais e a matéria-prima que as empresas retiram da natureza sem compensações nem quantificações no impacto do custo social, como se eles fossem infinitos?

            A proposta do decrescimento é ampla e envolve vários níveis de ação e vários grupos sociais. O economista francês Serge Latouche, em seu livro: “Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno” lista algumas ações que devem ser postas em prática por toda a sociedade para gerar o que ele chama de “ciclo virtuoso do decrescimento”. São conhecidas como oito “R’s”:

REAVALIAR: A sociedade precisa reavaliar conceitos e valores. Os valores do passado já não são os mesmos do presente e serão diferentes no futuro. A sociedade precisa de cooperação e não competição; vida social e não individualismo; precisa substituir os valores que tinha no passado tais como consumo ilimitado e eficiência produtivista.

RECONCEITUALIZAR: Essa mudança de valores, citada no item reavaliar, pressupõe outra maneira de apreender a realidade. Reagir de forma diferente nas diversas situações enfrentadas e dar conceitos diferentes de forma a criar respostas e questionamentos mais criativos e próximos da realidade atual da sociedade, com seus desafios e problemas.

REESTRUTURAR: Reestruturar é mudar o enfoque industrial, adaptando o aparelho de produção a essa mudança de mentalidade desejada. Essa transformação passa pela desconstrução do capitalismo na forma que o conhecemos.

REDISTRIBUIR: Obtendo essas mudanças conseguiremos uma mudança nas relações sociais o que acarretará uma redistribuição dos bens, dos valores, dos saberes, das riquezas e de tudo que for necessário para as próximas gerações.

RELOCALIZAR: Relocalizar significa redirecionar o foco da produção de bens, mudando a localização da produção das mega-indústrias para as unidades familiares de forma a dar mais autonomia para o individuo ter uma vida com mais significado, profundidade, felicidade, respeito e valor intrínseco. O conceito leva em conta a necessidade de descentralização das administrações e dos poderes públicos e privados.

REDUZIR: Esse conceito é bastante abrangente e compõe o cerne da proposta do decrescimento. Reduzir o nosso impacto na biosfera e nossa pegada ecológica no planeta, reduzir o tamanho e o peso da população mundial com metas programadas factíveis e graduais, reduzir nosso consumo de produtos não essenciais ao novo modelo, reduzir nosso tempo gasto em atividades que nos distancia da vida e do bem estar comum e individual.

REUTILIZAR e RECICLAR: Reutilizar e reciclar já são atividades adotadas em nossa sociedade atual de forma que não é tão necessário discorrer sobre elas. Todos já conhecem seus benefícios e sabem como empreendê-las.



Grupo de estudos sobre o decrescimento:

Para entrar no grupo:

ZEITGEIST: MOVING FORWARD | OFFICIAL RELEASE | 2011



sábado, 30 de abril de 2011

O Círculo Virtuoso do Decrescimento por Serge Latouche




"Concretamente, una sociedad de decrecimiento se basaría, de entrada, en un cambio de imaginario, un cambio de valores, ya que la sociedad de crecimiento se basa sobre un número de crencias. La creencia de que el hombre debe siempre producir para consumir más, y esto para producir más etc; que debemos trabajar siempre más, para producir más, para consumir más, para ganar más. Se necesita todo un cambio de valores y mentalidad que debe llevamos a otros objetivos, una revalorización de los aspectos no cuantitivos, no mercantiles, de la vida humana. Descubrir otras formas de riqueza que no sean la económica o mercantil, y en particular la riqueza de relaciones, las relaciones más fuertes en el seno de la familia, con sus amigos, con los otros, vivir mejor em sociedad. Eso es mucho más importante que consumir más aparatejos. Reestructurar el aparato productivo, evidentemente, em función de otras formas de producción, porque lo esencial para el planeta es reducir lo que los especialistas llaman 'huella ecológica'". (Tradução nos comentários)

Veja entrevista completa:







quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Sabedoria do Caracol


"O caracol constrói a delicada arquitetura de sua concha adicionando, uma após a outra, espiras cada vez mais largas e depois cessa bruscamente e começa a fazer enrolamentos agora decrescentes. Isso porque uma única espira ainda mais larga daria à concha uma dimensão dezesseis vezes maior. Ao invés de contribuir para o bem-estar do animal, ela o sobrecarregaria. A partir de então, qualquer aumento de sua produtividade apenas serviria para paliar as dificuldades criadas por esse aumento do tamanho da concha para além dos limites fixados por sua finalidade. Passando a ponto-limite de alargamento das espiras, os problemas do excesso de crescimento multiplicam-se em progressão geométrica, ao passo que a capacidade biológica do caracol pode apenas, na melhor das hipóteses, seguir uma progressão aritmética".  Ivan Illich

 Texto Extraído na íntegra do livro: Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno (2009) de Serge Latouche (pág. 26).


terça-feira, 26 de abril de 2011

Pare Angra III

Participe!

"Presidente Dilma, interromper o projeto de construção da usina nuclear Angra III e não colocar minha vida em risco é uma escolha que está em suas mãos. Pare a construção de Angra III." Greenpeace Brasil.


O Ciclo do Urânio


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Por que Decrescimento?

    
        O Decrescimento é um slogan, utilizado por Serge Latouche para divulgar uma nova proposta de desenvolvimento econômico, ele sugere a mudança de lógica na economia, com este slogan ele tenta impactar a sociedade bem como os teóricos do crescimento ilimitado, de forma a fazé-los refletir sobre a forma de desenvolvimento praticada até hoje, para tanto ele propõe a mudança de paradigma econômico.
        Decrescimento porque, infelizmente estamos a beira do caos ambiental, e a biosfera já não suporta a forma de consumo com a qual estamos acostumados, temos que rever nos modos de vida e rever a economia no seio do meio ambiente, uma boa forma para isso seria a redução do consumo e o fim da obsolescência programada, que provoca o consumo exagerado, bem como a publicidade, que faz do consumidor um escravo, pois quando este mal adquiri um produto ele logo está ultrapassado e portanto será descartado e o indivíduo é motivado pelo apelo da propaganda a comprar outro “melhor e mais novo”.
        O decrescimento se faz necessário porque já não há lógica nessa máquina infernal que é o crescimento desenfreado, uma vez que o mundo é finito, portanto é impossível que o crescimento seja infinito. Precisamos pensar a mudança para então concretiza-la. E agir enquanto ainda há tempo para isso, através do decrescimento, se possível sereno, convivial e sustentável.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Dica de Leitura

A Ocidentalização do Mundo: ensaio sobre a significação, o alcance e os limites da uniformização planetária 
de Serge Latouche


Um livro que vale a pena ser lido se não por vontade própria mas também por obrigação. Nele Latouche nos faz refletir sobre a uniformidade atual que pode ser vista em muitos aspectos e mais ainda no futuro. Uma vez que o futuro já começou e a nossa padronização cultural também. Latouche vem questionar na página 12 se "a ocidentalização do mundo e do nível de vida poderia prosseguir ilimitadamente, varrer todos os obstáculos e chegar a uma verdadeira uniformização do mundo?". Contudo ainda otimista, como ele sempre o é, acrescenta com outra indagação e a esta cabe a nós sociedade pensante e atuante responder a ela com dignidade e destreza. " Se os obstáculos se mostrassem insuperáveis, fortalecendo-se com as próprias contradições do projeto universalista, seria possível contar com vias alternativas?". Nesse ponto o decrescimento mostrasse como tal alternativa e como meio de se encontrar nosso caminho de volta aos princípios da vida humana, na verdadeira razão de viver pelo bem-estar e pela qualidade de vida baseada na simplicidade do viver sem a obrigação de sermos eternos escravos da sociedade do consumo e do crescimento desenfreado.
Fica a dica. Leia! Você não irá se arrepender.
De uma discípula de Latouche a todos aqueles que acredita na razão da existência humana.
Jaqueline Gonçalves.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O CRESCIMENTO PODE SER PERPÉTUO?

Resumo do artigo publicado por mim (Jaqueline dos Santos Gonçalves[1]) na XIII Semana de Iniciação Científica sob o tema: Ciência e Cultura Percursos e Desafios pelo Departamento de Economia / URCA, jaqueline_goncalves@yahoo.com.br

É permitida a reprodução desde que citada a fonte.

Após longos processos de modelos de desenvolvimento em um contexto de possibilidades limitadas, e tendo em vista a exigência de medidas compatíveis com uma realidade de um mundo com limites físicos, este trabalho tem o objetivo de mostrar a necessidade de superação dos modelos de desenvolvimento, que está a exigir uma revisão ao mesmo tempo histórica e teórica da mudança econômica de longo prazo, tendo em vista a importância do processo de desenvolvimento como um fenômeno único na história, a busca por uma alternativa para ele mostrou-se relevante para escolha do tema e através do levantamento de fontes bibliográficas foi possível observar que uma solução sólida tem que ser procurada. Um dos desafios atuais é melhorar a compreensão das complexas interações entre humanidade e biosfera, e uma das noções mais importantes da discussão foi à abordagem do ecodesenvolvimento, depois renomeada desenvolvimento sustentável e vem sendo aprimorada, mas está longe de ter suplantado as velhas visões sobre o desenvolvimento. Nesse contexto as idéias de Serge Latouche se inserem como uma verdadeira crítica à sociedade do crescimento pelo crescimento. De um sistema baseado na desmedida que nos conduz ao impasse, nas palavras de Latouche “um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito e que tanto nossas produções como nossos consumos não podem ultrapassar as capacidades de regeneração da biosfera”. Portanto, esse desenvolvimento, considerado alheio de limites físicos, que permite a manutenção e/ou ampliação do modelo capitalista e de suas taxas de lucro como um elemento de seu processo de expansão, utiliza-se do aspecto da imposição de um padrão cultural de consumo, que “está pautado numa concepção linear e cumulativa do tempo na crença da possibilidade de dominar a natureza e na convicção de que se trata de uma missão sagrada para a humanidade”. Logo, fica claro a exigência de mudanças culturais, estruturais, políticas, econômicas e, sobretudo, sociais; portanto, para rever de maneira profunda o atual modelo de progresso de uma sociedade do crescimento perpétuo.

Palavras-Chave: Modelos de Desenvolvimento; Limites Físicos; Biosfera; Padrão Cultural; Crescimento Perpétuo.



[1] Estudante do Curso de Ciências Econômicas da Fundação Universidade Regional do Cariri - URCA do Departamento de Economia do Centro de Estudos Sociais Aplicados – CESA; E-mail: jaqueline_goncalves@yahoo.com.br

domingo, 23 de janeiro de 2011

Dicas de Leitura:

Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno
de Serge Latouche


"O conceito de decrescimento tem duas fontes: uma antropológica, que é a crítica antiga da economia, da modernidade e da base original do homo economicus e que teve sua glória nos anos 1970. A mensagem de Ivan Illich, de quem me considero discípulo, é a de que viveríamos melhor de outra maneira. Dito de outra forma, é desejável sair deste sistema que nos leva à catástrofe. O segundo momento da teoria do decrescimento, ligado, principalmente, à ecologia e ao relatório do Clube de Roma, é o da sua imperatividade por razões físicas. Devemos então unir o desejo e a necessidade. Podemos viver muito bem de outra maneira." Serge Latouche

"Fomos formatados pelo imaginário do 'sempre mais', da acumulação ilimitada, dessa mecânica que parece virtuosa e que agora se mostra infernal por seus efeitos destruidores sobre a humanidade e o planeta. A necessidade de mudar essa lógica é a de reinventar uma sociedade em uma escala humana, uma sociedade que reencontre seu sentido da medida e do limite que nos é imposto porque, como dizia meu colega Nicholas Georgescu-Roegen, 'um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito'." Serge Latouche


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A Terceira Margem: em busca do Ecodesenvolvimento
de Ignacy Sachs


A terceira margem alia as muitas aventuras e reviravoltas da vida de Sachs - que concebeu, há quase quarenta anos, o conceito de ecodesenvolvimento, origem da expressão "desenvolvimento sustentável" - com o rigor e a criatividade de suas ideias. O autor presenciou acontecimentos marcantes do século XX, como a diáspora judaica na Segunda Guerra Mundial, o socialismo real em construção no Leste Europeu (do qual participou), a ascensão do Terceiro Mundo, a afirmação do movimento ecológico. Suas andanças o trouxeram, nos anos 1940, para o Brasil, país que desde então é um dos eixos de seus estudos e onde tem numerosos discípulos. Levaram-no na década seguinte para a sua Polônia natal, depois para a Índia e a França, onde é professor desde 1968 e dirige o Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo. Sempre atento aos efeitos perversos do mau desenvolvimento e em busca de soluções imaginativas que valorizem os recursos naturais, Sachs entende o desenvolvimento como a permanente interação entre a sociedade e a natureza, baseada em novas maneiras de produzir e consumir. Com a autoridade internacional que lhe valeu a participação em todos os grandes encontros internacionais sobre as relações entre economia e meio ambiente, e o convívio com os maiores cientistas e economistas do século XX, Ignacy Sachs puxa, em A terceira margem, o fio de sua vida.

Fonte: http://terradosaber.com/product_detail.asp?ProdId=IG0288
 

Carta do chefe indígena Seatle, em resposta ao Presidente dos Estados Unidos da América em 1854

Essas são palavras do índio Seatle, chefe dos Dwamish, tribo indígena dos Estados Unidos, no ano de 1854, quando respondeu ao presidente americano sobre proposta de compra de uma grande parte das terras pertencentes à tribo

Chefe Seatle

"O que ocorre com a Terra recairá sobre os Filhos da Terra.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como comprá-los?
Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte dela e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro e o homem – todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o grande chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O grande chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Esta água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, devem ensinar as suas crianças de que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também.
E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa.
A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Não há lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se o homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô o seu primeiro inspirar também recebe o seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante do que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito, pois o que ocorre aos animais, breve acontecerá ao homem. Há ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas: que a terra é nossa mãe.
Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra, isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará também a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir a nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do Homem e sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e que por alguma razão especial lhes deu domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa sejam impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos mortos obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.”


Texto distribuído pela ONU (Programa para o Meio Ambiente) e aqui publicado na íntegra.