Em debate na Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20, estudiosos defendem a ideia do decrescimento como forma de preservar o planeta e a Humanidade
Cristovam Buarque (2º à esq.) preside debate com os professores Philippe Léna, Carlos Alberto Pereira e João Luiz Carvalho |
Philippe Léna, diretor do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, classificou o decrescimento como um conceito mais impactante que o de desenvolvimento sustentável, porém necessário. Ele disse que a raça humana está "à beira do abismo, pisando no acelerador", e ressaltou que nenhuma causa natural em 1 milhão de anos produziu tanto efeito sobre a Terra. Léna mostrou preocupação com o consumo insustentável dos recursos naturais e previu que a escassez trará mais conflitos armados.
Para ele, o aumento das desigualdades e a diminuição do nível de emprego atestam que índices tradicionais de desenvolvimento como o produto interno bruto (PIB) perderam o sentido, pois "o bolo não pode nem deve crescer".
Carlos Alberto Pereira Silva, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, considerou que há um paradoxo entre a crise ecológica sem precedentes e a manutenção da ilusão de um ideal desenvolvimentista. O professor defendeu uma ética "ecoantropocêntrica", lembrando que as pessoas fazem parte de uma comunidade de vida mais ampla e dividem espaço com muitas espécies.
Ele avalia que faz falta um "egoísmo inteligente", no qual o cuidado com outras espécies seja visto como defesa da própria espécie humana. Na sua opinião, a lógica desenvolvimentista pode estar ligada ao culto ao corpo e à violência. Como alternativa, aposta na valorização dos saberes das populações indígenas e iletradas.
João Luiz Homem de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o padrão de consumo deve ser reduzido, principalmente nos países ricos. Ele destacou o papel do Clube de Roma e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas na apresentação de estudos que respaldam o decrescimento — tese que, em seu ponto de vista, deve ser dirigida principalmente às crianças.
O automóvel foi considerado "irracionalidade completa" pelo professor, que correlacionou a ineficiência do transporte individual ao aumento do efeito estufa. Ele defendeu a construção de prédios que dependam menos de refrigeração e aquecimento, além da relocação da produção de alimentos, tornando-a mais próxima dos consumidores.
110012
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Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/noticia.asp?codNoticia=110012&dataEdicaoVer=20110906&dataEdicaoAtual=20110906&codEditoria=1169