quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um dia para ser lembrado (06/09/11): O Decrescimento no Senado Federal

Em debate na Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20, estudiosos defendem a ideia do decrescimento como forma de preservar o planeta e a Humanidade 

Cristovam Buarque (2º à esq.) preside debate com os professores Philippe Léna, Carlos Alberto Pereira e João Luiz Carvalho
Em audiência ontem no Senado, sobre o tema "Decrescimento: por que e como construir", especialistas condenaram o desenvolvimentismo, que leva a um consumo de recursos naturais acima da capacidade do planeta, e discutiram formas de conduzir a Humanidade a um padrão de redução de crescimento. O debate foi promovido pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20, presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF) e ligada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Philippe Léna, diretor do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, classificou o decrescimento como um conceito mais impactante que o de desenvolvimento sustentável, porém necessário. Ele disse que a raça humana está "à beira do abismo, pisando no acelerador", e ressaltou que nenhuma causa natural em 1 milhão de anos produziu tanto efeito sobre a Terra. Léna mostrou preocupação com o consumo insustentável dos recursos naturais e previu que a escassez trará mais conflitos armados.
Para ele, o aumento das desigualdades e a diminuição do nível de emprego atestam que índices tradicionais de desenvolvimento como o produto interno bruto (PIB) perderam o sentido, pois "o bolo não pode nem deve crescer".

Carlos Alberto Pereira Silva, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, considerou que há um paradoxo entre a crise ecológica sem precedentes e a manutenção da ilusão de um ideal desenvolvimentista. O professor defendeu uma ética "ecoantropocêntrica", lembrando que as pessoas fazem parte de uma comunidade de vida mais ampla e dividem espaço com muitas espécies.

Ele avalia que faz falta um "egoísmo inteligente", no qual o cuidado com outras espécies seja visto como defesa da própria espécie humana. Na sua opinião, a lógica desenvolvimentista pode estar ligada ao culto ao corpo e à violência. Como alternativa, aposta na valorização dos saberes das populações indígenas e iletradas.

João Luiz Homem de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o padrão de consumo deve ser reduzido, principalmente nos países ricos. Ele destacou o papel do Clube de Roma e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas na apresentação de estudos que respaldam o decrescimento — tese que, em seu ponto de vista, deve ser dirigida principalmente às crianças.

O automóvel foi considerado "irracionalidade completa" pelo professor, que correlacionou a ineficiência do transporte individual ao aumento do efeito estufa. Ele defendeu a construção de prédios que dependam menos de refrigeração e aquecimento, além da relocação da produção de alimentos, tornando-a mais próxima dos consumidores.

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Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/noticia.asp?codNoticia=110012&dataEdicaoVer=20110906&dataEdicaoAtual=20110906&codEditoria=1169